Há dias em que temos uma certa vontade de fazer aquilo que não é habitual em nós. Há dias em que as coisas não correm bem e nos deitam abaixo... Trabalhar, por estes dias na área da saúde não é fácil e como se não bastasse toda a incerteza, todo o medo, ainda temos que levar com pessoas que desrespeitam aquilo que lhe é pedido e em vez de ficarem em casa ainda andam nas ruas, em convívio, e olham de lado quando nos vêem, pois estamos na rua também.
A estes às vezes gostava de dizer que nós temos de andar na rua por obrigação, porque foi a profissão que escolhemos abraçar, e porque alguém tem de estar lá, para os outros. Para eles, se precisarem também. Por isso, se virem alguém abatido, com ar exausto, totalmente desgastado, a andar na rua porque precisa de ir às compras depois de ter estado horas a trabalhar, não olhem de lado com ar superior e indignado por não estarmos em casa, (coisa que também não estão!).
Estamos na rua porque é preciso, não estamos na rua a fingir que passeamos o cão só para ficar a falar com os vizinhos, não estamos na rua a espairecer porque nos fartámos de estar em casa e resolvemos sair na esperança de que os outros fiquem e não encontremos ninguém. Estamos na rua para ir comprar os restos nas prateleiras dos supermercados, caso tenhamos sorte e ainda haja alguma coisa. Estamos na rua porque nos sacrificamos a cuidar dos outros, de pessoas que não conhecemos de lado nenhum e que não têm ideia nenhuma de quem somos, mas que dependem de nós... Há motivos diferentes para estar na rua, por isso pensem bem se nesta altura é realmente necessário estarem na rua. Nós agradecemos.
